terça-feira, 7 de junho de 2011
segunda-feira, 23 de maio de 2011
Segunda avaliação: Seminários (A literatura de Moçambique) (cont.)
- Balada de Amor ao Vento (1990)
- Ventos do Apocalipse. (1993)
- O Sétimo Juramento.(2000)
- Niketche: Uma História de Poligamia.(2002)
- O Alegre Canto da Perdiz.(2009)
Poema do futuro cidadão
Grito Negro
Facilmente se percebe o quanto sua poesia está relacionada com a cor, a cultura e a nação, "que ainda nào existe" pelo simples fato de nao ter sido reconhecida como tal, segundo sua (as) lingua (as), seus costumes, segundo sua alma de naçãoo, o que o poeta canta resgatando o que, por um momento, pensou-se ter sido esquecido, mas que vivia em cada um dos homens e mulheres daquela terra tão rica e amada: Moçambique.
- Vozes Anoitecidas;
- Cada Homem é uma Raça;
- Estorias Abensonhadas;
- Contos do Nascer da Terra;
- Na Berma de Nenhuma Estrada;
- O Fio das Missangas.
Crônicas
Para além disso, publicou em livros algumas das suas crônicas, que continuam a ser coluna num dos semanários publicados em Mputo, capital de Moçambique:
- Crônicando
- O País do Queixa Andar
- Pensatempos. Textos de Opinião
- E se Obama fosse Africano? e Outras Interinvenções
Romances
E, naturalmente, não deixou de lado o género romance, tendo publicado:
- Terra Sonâmbula (1992) --- considerado por um juri na Feira Internacional do Zimbabwe um dos doze melhores livros africanos do século XX.
- A Varanda do Frangipani Mar Me Quer (1996)
- Vinte e Zinco (1999)
- O Último Vôo do Flamingo (2000)
- O Gato e o Escuro (2001)
- Um Rio Chamado Tempo, uma Casa Chamada Terra(2002) --- rodado em filme pelo português José Carlos Oliveira
- A Chuva Pasmada (2004), com ilustrações de Danuta Wojciechowska
- O Outro Pé da Sereia (2006)
- O beijo da palavrinha, com ilustrações de Malangatana (2006)
- Venenos de Deus, Remédios do Diabo ( 2008)
- Jesusalém [no Brasil, o livro tem como título Antes de nascer o mundo] (2009).
Segunda avaliação: Seminários (A literatura de Moçambique)
Moçambique é um país da África Austral, situado na costa do Oceano Índico, com cerca de 20 milhões de habitantes (2004). Foi uma colónia portuguesa, que se tornou independente em 25 de Junho de 1975.
A história de Moçambique encontra-se documentada pelo menos a partir do século X, quando um estudioso viajante árabe, Al-Masudi descreveu uma importante atividade comercial entre as nações da região do Golfo Pérsico e os "Zanj" (os negros) da "Bilad as Sofala", que incluía grande parte da costa norte e centro do atual Moçambique.
No entanto, vários achados arqueológicos permitem caracterizar a "pré-história" de Moçambique (antes da escrita) por muitos séculos antes. Provavelmente o evento mais importante dessa pré-história terá sido a fixação nesta região dos povos bantu que, não só eram agricultores, como introduziram a metalurgia do ferro, entre os séculos I a IV.
A penetração portuguesa em Moçambique, iniciada no início do século XVI, só em 1885 - com a partilha de África pelas potências europeias durante a Conferência de Berlim - transformou-se numa ocupação militar, ou seja, na submissão total dos estados ali existentes, que levou, nos inícios do século XX a uma verdadeira administração colonial.
O Estado Novo
Com a "eleição" de Óscar Carmona, em 1928, que chamou Salazar para seu ministro das finanças, a administração das colónias como fonte de matérias-primas para a indústria da "metrópole" tornou-se mais eficiente. Em 1930 foi publicado o Acto Colonial, legislação que organizava o papel do estado nas colónias portuguesas:
A nomeação de administradores para as circunscrições "indígenas", que passaram a organizar os seus pequenos exércitos de sipaios;
Os recenseamentos que determinavam a cobrança de impostos e a "venda" de mão-de-obra para as minas sul-africanas;
A criação de "Tribunais Privativos dos Indígenas";
A definição da Igreja Católica como principal força "civilizadora" dos indígenas, passando a ser a principal forma de educação.
Depois, com a nova constituição portuguesa em 1933, Salazar e os seus braços nas colónias transportaram para África (e Índia) a repressão mais brutal sobre os indígenas, ao mesmo tempo que incentivavam os seus cidadãos mais pobres a emigrarem para essas terras. Até os anos 60, instalaram-se nas colónias portuguesas centenas de milhares de colonos e deu-se início a alguma industrialização.
A Guerra de Libertação
Para além das várias ações de resistência ao domínio colonial, a última das quais culminou com a prisão e deportação do imperador Gungunhana, a fase final da luta de libertação de Moçambique começou com a independência das colónias francesas e inglesas da África. Em 1959-1960, formaram-se três movimentos formais de resistência à dominação portuguesa de Moçambique:
UDENAMO - União Democrática Nacional de Moçambique;
MANU - Mozambique African National Union (à maneira da KANU do Quénia); e
UNAMI - União Nacional Africana para Moçambique Independente.
Estes três movimentos tinham sede em países diferentes e uma base social e étnica também diferentes mas, em 1962, sob os auspícios de Julius Nyerere, primeiro presidente da Tanzânia, estes movimentos uniram-se para darem origem à FRELIMO - Frente de Libertação de Moçambique - oficialmente fundada em 25 de Junho de 1962.
O primeiro presidente da FRELIMO foi o Dr. Eduardo Chivambo Mondlane, um antropólogo que trabalhava na ONU e que já tinha tido contatos com um governante português, Adriano Moreira. Nesta altura, ainda se pensava que seria possível conseguir a independência das colónias portuguesas sem recorrer à luta armada.
No entanto, os contatos diplomáticos estabelecidos não resultaram e a FRELIMO decidiu entrar pela via da guerra de guerrilha para tentar forçar o governo português a aceitar a independência das suas colónias. A Luta Armada de Libertação Nacional foi lançada oficialmente em 25 de Setembro de 1964, com um ataque ao posto administrativo de Chai no então distrito e, mais tarde, província de Cabo Delgado.
A guerra de libertação, uma luta de guerrilha, expandiu-se para as províncias de Niassa e Tete e durou cerca de 10 anos. Durante esse período, foram organizadas várias áreas onde a administração colonial já não tinha controle - as Zonas Libertadas - e onde a FRELIMO instituiu um sistema de governo baseado na sua necessidade em ter bases seguras, abastecimento em víveres e vias de comunicação com as suas bases recuadas na Tanzânia e com as frentes de combate.
Finalmente, a guerra terminou com os Acordos de Lusaka, assinados a 7 de Setembro de 1974 entre o governo português e a FRELIMO, na sequência da Revolução dos Cravos. Ao abrigo desse acordo, foi formado um Governo de Transição, chefiado por Joaquim Chissano, que incluía ministros nomeados pelo governo português e outros nomeados pela FRELIMO. A soberania portuguesa era representada por um Alto-comissário, que foi Víctor Crespo.
História Pós-Independência
Moçambique tornou-se independente de Portugal em 25 de Junho de 1975. O primeiro governo, dirigido por Samora Machel, foi formado pela FRELIMO.
As nacionalizações
O mandato deste primeiro governo de Moçambique independente era o de restituir ao povo moçambicano os direitos que lhe tinham sido negados pelas autoridades coloniais.
Com esse fim, em 24 de Julho de 1975, o governo declarou a nacionalização da Saúde, da Educação e da Justiça e, em 1976, das casas de rendimento, ou seja, qualquer moçambicano ou estrangeiro residente passou a ter direito a ser proprietário duma casa para habitação permanente e de uma de férias, mas perdeu o direito a arrendar casas de habitação a outra pessoa. O governo assumiu a gestão das casas que estavam arrendadas nessa altura, formando para isso uma empresa denominada Administração do Parque Imobiliário do Estado ou APIE.
Em relação à Saúde, o governo transferiu para as unidades estatais (Ministério e hospitais), o equipamento e pessoal dos consultórios e clínicas privadas e das empresas de funerais. Na Educação, o estado nomeou administradores para as escolas privadas, cujo pessoal passava à responsabilidade do Estado. Muitas das unidades privadas de saúde e educação pertenciam a igrejas cristãs, principalmente à Igreja Católica, e estas nacionalizações, associadas à propaganda oficial socialista e fortemente laica, também considerada como "anti-religiosa", criaram um clima de animosidade entre algumas destas igrejas e seus crentes e o estado (ou a FRELIMO, que era de fato a força política que comandava o estado).
Estas nacionalizações foram a causa próxima para uma vaga de abandono do país de muitos indivíduos que eram proprietários daqueles serviços sociais ou simplesmente se encontravam habituados aos serviços de determinados especialistas ou ao atendimento exclusivo; como esses indivíduos, na maioria portugueses, eram muitas vezes igualmente proprietários de fábricas, barcos de pesca ou outros meios de produção, o governo viu-se obrigado a assumir a gestão dessas unidades de produção. Numa primeira fase, organizou-se, para as unidades mais pequenas, um sistema de auto gestão em que comités de trabalhadores, normalmente organizados pelas células da FRELIMO, também chamadas Grupos Dinamizadores, assumiam a gestão de fato.
Mais tarde, em face da falta de capacidade de gestão e das dificuldades económicas prevalecentes, o governo começou a aglutinar pequenas empresas do mesmo ramo, primeiro em Unidades de Direcção e depois em Empresas Estatais.
A língua oficial de Moçambique é o português, por advento da colonização, mas é língua materna de apenas 6% da população, segundo um senso realizado em 1997. Entretanto o Estado valoriza as línguas nacionais e promove o seu desenvolvimento e uso crescente como línguas veiculares e na educação dos cidadãos. Em Moçambique foram identificadas diversas línguas nacionais, todas de origem bantu, sendo que as principais são: cicopi, cinyanja, cinyungwe, cisena, cisenga, cishona, ciyao, echuwabo, ekoti, elomwe, gitonga, maconde (ou shimakonde), kimwani, macua (ou emakhuwa), memane, suaíli (ou kiswahili), suazi (ou swazi), xichangana, xironga, xitswa e zulu. o que mostra a pluralidade linguistica-cultural existente no país.
sábado, 21 de maio de 2011
Segunda avaliação: Seminários
terça-feira, 10 de maio de 2011
O Fado
Provavelmente você já notou que o blog recebe sua visita com músicas. Algumas delas representam o Fado, que é um estilo musical tipicamente português.
Uma explicação popular para a origem do Fado de Lisboa remete para os cânticos dos Mouros, que permaneceram no bairro da Mouraria, na cidade de Lisboa após a reconquista Cristã. A dolência e a melancolia, bastante comuns no Fado, teriam sido herdadas daqueles cânticos. Porém, essa explicação é ingénua de uma perspectiva etnomusicológica, já que não existem registos do fado até ao início do século XIX. Outras teorias apontam para a origem do Fado no lundum, música dos escravos brasileiros que teria chegado até nós através dos marinheiros, em meados de 1820. Outra hipótese remete para os trovadores medievais cujas canções têm características que o fado conserva – as cantigas de amigo revelam semelhanças com alguns temas recorrentes do Fado de Lisboa, assim como as cantigas de amor possuem o romantismo do Fado de Coimbra. As críticas política e social, tão típicas do Fado, estão em evidência nas cantigas de escárnio e maldizer.
Geralmente o Fado é cantado por uma só pessoa (fadista) e acompanhado por guitarra clássica (nos meios fadistas denominada viola) e guitarra portuguesa. Os temas mais recorrentes passam pelo amor, a tragédia, as dificuldades da vida, e a saudade, daí que surge o seu tom triste e lamentoso. A ideia do destino (fatum) como uma força implacável que está para além da vontade humana é essencial para a compreensão deste estilo musical.
Exemplos de fadistas reconhecidos são Maria Severa, Amália Rodrigues, Carlos do Carmo, Carlos Ramos, Alfredo Marceneiro, Fernando Maurício, Hermínia Silva, Lucilia do Carmo, Maria Teresa de Noronha, Antonio Mourão, Rodrigo, Tristão de Silva e Maria Alice. Nas décadas de 80 e 90, novas gerações surgiram, se destacando Nuno da Câmara Pereira, Camané, Dulce Pontes, etc.
O fado nasceu um dia
Quando o vento mal bulia
E o céu o mar prolongava
Na amurada de um veleiro
No peito de um marinheiro
Que estando triste cantava
Ai que lindeza tamanha
Meu chão, meu monte, meu vale
De folhas, flores, frutas de oiro
Vê se vês terras de Espanha
Areias de Portugal
Olhar ceguinho de choro
Na boca de um marinheiro
No frágil barco veleiro
Cantando a canção magoada
Diz o pungir dos desejos
Do lábio a queimar de beijos
Que beija o ar e mais nada
Mãe adeus, adeus Maria
Guarda bem o teu sentido
Que aqui te faço uma jura
Que eu te leve à sacristia
Ou foi Deus que foi servido
Dai-me no mar sepultura
Quando o vento nem bulia
E o céu o mar prolongava
A proa de outro veleiro
Velava outro marinheiro
Que estando triste cantava
Se quiser ouvir, é só clicar aqui.
quinta-feira, 5 de maio de 2011
A Poeta que pesquisa - (Série Novos Lusitanos)
Logo abaixo temos um vídeo que encontrei no Youtube em sua homenagem. No início temos a voz da propria poeta lendo um segmento de 'Salomé después del Crimen'. Logo após, a cantora Clara Ghimel musicaliza e canta versos de Ana Luisa Amaral.
Ana Luísa ganhou vários prêmios literários de prestígio em Portugal, entre eles o prêmio de Poesia da Associação Portuguesa de escritores em 2008.
Abaixo, um de seus poemas mais bonitos.
como neste sistema: só um sol.
Mas luzes a fingir, dependuradas
em abóbada azul - como de tecto.
E o seu número tal, que deslumbrados
eram os teus olhos, se tas mostrasse,
amor, tão ribalta azul, como de
circo, e dança então comigo no
trapézio, poema em alto risco,
e um levíssimo toque de mistério.
Pega nas lantejoulas a fingir
de sóis mal descobertos e lança
agora a âncora maior sobre o meu
coração. Que não te assuste o som
desse trovão que ainda agora ouviste,
era de deus a sua voz, ou mito,
era de um anjo por demais caído.
Mas, de verdade: natural fenómeno
a invadir-te as veias e o cérebro,
tão frágil como álcool, tão de
potente e liso como álcool
ímplodindo do céu e das estrelas,
imensas a fingir e penduradas
sobre abóbada azul. Se te mostrasse,
amor, a cor do pesadelo que por
aqui passou agora mesmo, um céu
e nada mais -que nada temos,
que não seja esta angústia de
mortais (e a maldição da rima,
já agora, a invadir poema em alto
risco), e a dança no trapézio
proibido, sem rede, deus, ou lei,
nem música de dança, nem sequer
inocência de criança, amor,
nem inocência. Um céu e nada mais.