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quarta-feira, 27 de abril de 2011

Principais Heterônimos de Fernando Pessoa


Incrível como uma única pessoa foi capaz de criar inúmeras personalidades distintas. Estou falando de Fernando Pessoa e seus heterônimos. Dentre todos que ele criou, os heterônimos que se destacam são: Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos.
E trouxemos um breve resumo que mostra as principais características de cada um deles. Vamos lá.
Alberto Caeiro é conhecido como o camponês, simples na sua forma e complexo no seu pensamento. Alberto foi o único que não escreveu em prosa, sua linguagem era simples, mas seu conteúdo era complexo no que diz respeito ao caráter reflexivo.
De vida modesta, o camponês nos leva a refletir sobre o mundo e a tendência que o homem tem em tornar tudo o que vê em símbolos não compreendendo o verdadeiro significado do mundo. Caeiro se considerava um não-filósofo. Já Ricardo Reis, baseando-se na brevidade da vida, sua obra inspira o “carpe diem”. Com seu estilo neoclássico, o médico faz muitas alusões à mitologia e possui escrita culta, precisa e nada espontânea. Enquanto Álvaro de Campos é o heterônimo futurista que passa por três fases: Decadentista, Futurista/Sensacionista e Intimista/Pessimista. Suas três fases mostram sua revolta com relação à velocidade do mundo moderno. Sua linguagem é livre e radical.

Estilo em obra

A Criança

A criança que pensa em fadas e acredita nas fadas
Age como um deus doente, mas como um deus.
Porque embora afirme que existe o que não existe
Sabe como é que as cousas existem, que é existindo,
Sabe que existir existe e não se explica,
Sabe que não há razão nenhuma para nada existir,
Sabe que ser é estar em um ponto
Só não sabe que o pensamento não é um ponto qualquer.

(Alberto Caeiro).

Anjos ou Deuses

Anjos ou deuses, sempre nós tivemos,
A visão perturbada de que acima
De nos e compelindo-nos
Agem outras presenças.
Como acima dos gados que há nos campos
O nosso esforço, que eles não compreendem,
Os coage e obriga
E eles não nos percebem,
Nossa vontade e o nosso pensamento
São as mãos pelas quais outros nos guiam
Para onde eles querem E nós não desejamos.

(Ricardo Reis).

Tabacaria

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada. (...).

(Álvaro de Campos).

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