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quinta-feira, 5 de maio de 2011

A Poeta que pesquisa - (Série Novos Lusitanos)


Nascida em Lisboa , Ana Luísa Amaral dedica sua vida à Língua e Literatura.
Docente de Literatura Inglesa no Departamento de Estudos Anglo-Americanos da Faculdade de Letras do Porto, é doutorada em Literatura Norte-Americana, com uma tese sobre Emily Dickinson. Tem publicações acadêmicas (em Portugal e no estrangeiro) nas áreas de Literatura Inglesa, Literatura Norte-Americana, Literatura Portuguesa e Literatura Comparada. Passou dois anos (entre 1991 e 1993) na Universidade de Brown (E.U.A.) como Investigadora Convidada do Departamento de Inglês daquela Universidade. É Investigadora Associada do Centro de Estudos Sociais, da Universidade de Coimbra. No âmbito de um projeto desse Centro, preparou, em colaboração com Ana Gabriela Macedo, um dicionário português de termos feministas.
Ana Luísa possui muitos livros de poesias, literatura infantil, e de traduções, publicados.

Logo abaixo temos um vídeo que encontrei no Youtube em sua homenagem. No início temos a voz da propria poeta lendo um segmento de 'Salomé después del Crimen'. Logo após, a cantora Clara Ghimel musicaliza e canta versos de Ana Luisa Amaral.





Ana Luísa ganhou vários prêmios literários de prestígio em Portugal, entre eles o prêmio de Poesia da Associação Portuguesa de escritores em 2008.

Abaixo, um de seus poemas mais bonitos.

Um céu e nada mais

Um céu e nada mais - que só um temos,
como neste sistema: só um sol.
Mas luzes a fingir, dependuradas
em abóbada azul - como de tecto.
E o seu número tal, que deslumbrados
eram os teus olhos, se tas mostrasse,
amor, tão ribalta azul, como de
circo, e dança então comigo no
trapézio, poema em alto risco,
e um levíssimo toque de mistério.
Pega nas lantejoulas a fingir
de sóis mal descobertos e lança
agora a âncora maior sobre o meu
coração. Que não te assuste o som
desse trovão que ainda agora ouviste,
era de deus a sua voz, ou mito,
era de um anjo por demais caído.
Mas, de verdade: natural fenómeno
a invadir-te as veias e o cérebro,
tão frágil como álcool, tão de
potente e liso como álcool
ímplodindo do céu e das estrelas,
imensas a fingir e penduradas
sobre abóbada azul. Se te mostrasse,
amor, a cor do pesadelo que por
aqui passou agora mesmo, um céu
e nada mais -que nada temos,
que não seja esta angústia de
mortais (e a maldição da rima,
já agora, a invadir poema em alto
risco), e a dança no trapézio
proibido, sem rede, deus, ou lei,
nem música de dança, nem sequer
inocência de criança, amor,
nem inocência. Um céu e nada mais.

Com Afeto, =)

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